“O que ou quem me traz à existência e logo nela me impede de continuar?
Minha origem é
incerta, como é incerto o meu futuro.
O que está por
trás desse ciclo? Quem o planeja?
Por que se vive
tão pouco, e qual o sentido de tão efêmera existência?
Bem não aprendo a
viver, e já a morte me leva.
Será que nasci
apenas para viver.
E se vivo, o faço
apenas para um dia morrer?
Será a vida uma
passagem e a morte um ingresso?
Ou será que com a
vida se compra a passagem para a vida que a morte traz?
Nascimento, vida
e morte; em linha a nossa sorte?
Ruim talvez
nascer morto.
Pior talvez
morrer vivo.
Pior ainda viver
morto.
Melhor de tudo?
Nascer de novo
renovando a vida.
Não morrer jamais”
Não
morrer jamais –Jânsen Leiros Jr
Blog Sensações & Poesias
Quem
jamais se fez essas perguntas? Quem nunca se surpreendeu, tentando encontrar
algum sentido para a própria existência? Cedo ou tarde, por um motivo ou outro,
penso que todo ser humano se põe a questionar: o que é que estou fazendo aqui?
E ainda: qual o sentido da vida? Mesmo sendo uma questão legítima, essa
inquietação impulsiona o ser humano em uma viagem que pode variar entre o
monótono e o surpreendente, entre o sintético e o analítico, entre o
crescimento e a estagnação, e entre a euforia e a depressão.
A
legitimidade do questionamento pelo sentido da vida tem origem na observação
tácita de que ela não pode resumir-se em uma sucessão de dias, gastos na busca
de satisfação das necessidades básicas, quer físicas quer sociais. Uma rotina
patética de luta atroz pela sobrevivência. Ora, se eu não existisse, não teria
qualquer necessidade. Se as tenho, é só porque existo. Então minha existência
não pode se resumir em atender às demandas que tenho, apenas pelo próprio fato
de existir; existir para manter-se existindo. Assim, causa e efeito seriam
viciosamente uma mesma coisa. A vida teria sua funcionalidade aprisionada em um
ciclo necessidade-satisfação. Um propósito monótono, apático e impotente para
construir perspectivas atraentes a uma humanidade sedenta de objetivos
existenciais. Um propósito adequado na vida pode deslocar o pulso existencial
do dever, para o pulso essencial do prazer.
Muitas
e variadas linhas de pensamento buscam encontrar esse adequado sentido para a
vida. Os mais pragmáticos sintetizam o viver ao tempo entre o nascer e o
morrer. Nesse intervalo, o ser humano sobrevive e da melhor maneira possível.
No contexto de manter-se vivo, vale tudo para que essa sobrevivência tenha
algum prazer, ainda que para essa linha de raciocínio, por definição, a
sensação de prazer e saciedade seja transitória e temporal.
Eu
tenho muita dificuldade em reduzir a vida a um ciclo de nascimento e morte no
tempo. Não estou me referindo à vida após a morte. Não é o caso aqui. Estou
falando de vida transcendente, ainda que presa ao ciclo de começo-meio-fim;
falo do que Jesus chamou de "vida em abundância". Vida com sentido,
vida com propósito.
Aqui
e agora, a vida, por ser vida, não pode ser estática. Precisa estar em
movimento. Ser dinâmica e contagiante. Influenciadora e envolvente. Expansível
de dentro para fora, e inspiradora de fora para dentro porque agradecida. Em
toda e qualquer direção, precisa interagir com o cenário em que se insere. A
vida precisa ter significado enquanto existente.
A
melhor e mais apropriada comunicação que conheço dessa vida em movimento é a
que o texto bíblico faz utilizando a figura do peregrino em terra estranha.
“Todos esses morreram cheios de fé. Não receberam as coisas que Deus tinha prometido, mas as viram de longe e ficaram contentes por causa delas. E declararam que eram estrangeiros e refugiados, de passagem por este mundo.”
Hebreus 11:13 - NTLH
“Queridos amigos, lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo.”
1 Pedro 2:11 - NTLH
Um
peregrino está sempre em movimento, sempre a caminho, em marcha para algum
lugar. E sendo um forasteiro, não pode se permitir descansos mais demorados ou
tornar-se cativo de qualquer outra demanda que não a sua ali e além. Um
peregrino, ainda que cansado pelo esforço na caminhada, não pode entregar-se à
auto piedade ou à acomodação. Precisa viver sua peregrinação. Nada nessa terra
em que atravessa é suficientemente seu para que o detenha em sua jornada, e lhe
desvie do objetivo; ameaçadoras distrações.
Mas
ainda que o peregrino esteja sempre caminhando, sempre em marcha para algum
lugar, o sentido de sua vida não é o ponto de chegada, mas sua própria jornada.
No caminho está o seu prazer. Por essa razão, a quantidade de tempo vivido é
menos importante do que o como essa vida é vivida no tempo. O sentido da vida
se expressa em quão oportuna ela é, e não em quanto tempo ela está.
Portanto,
viver é mais do que meramente existir. É ir além da satisfação das necessidades
diárias. A vida pode ter um sentido e este não está em qualquer lugar onde eu
queira ou possa chegar. Em vez disso, está no caminho que experimento e trilho
até lá.
Viver
é inserir-se no tempo presente, modificando-o oportunamente. Assim, cada
instante vivido se reveste de significância, e cada ato, por mais simples e
espontâneo, por mais complexo ou sacrificante, será sim, pertinente e adequado,
dando sabor, seja doce ou amargo, à realidade de minha existência. Porque o
prazer de viver está em ser o que se é na sua potencialidade plena, ainda que
seja difícil e dolorido. Porque se o
viver é Cristo e o morrer é lucro[1],
não há qualquer prejuízo em vivermos frutificando ao próximo. Porque esse,
afinal, era o viver de Jesus.
Bom dia
ResponderExcluirBoa reflexão meu amigo
Vc é um auto didata
Obrigado pelo carinho e incentivo...
ExcluirParabéns Jânsen, muito boa a analogia com a peregrinação. Sua colocação diferencia aqueles que na jornada são Peregrinos de Coração, ou seja, aquele pessoa O Peregrino de coração não somente se desloca na travessia da vida... Ele se adapta, ele se renova, ele cresce, ele amadurece, ele aprende, ele constrói e ajuda a construir e reconstruir outros corações. Ele repara, ele se faz presente, ele é sensível, ele é quebrantado, humilde e arrependido ( salmo 51:17). Por outro lado, existem aqueles tem o coração peregrino, andam, andam e andam, e permanecem os mesmos. Nada aprendem, em nada crescem e em nada mudam. Como nos diz o Salmo 84, importa que sejamos Peregrinos de Coração.
ResponderExcluirQuerido Verdi. Suas observações são uma verdadeira nota de rodapé, que suplementa oportunamente o conteúdo. Obrigado por ajudar no aprofundamento do tema. Será sempre bem-vindo. Quanto ao incentivo, nada melhor para recompensar meu coração peregrino...
ExcluirMuito bom Jansen.
ResponderExcluirQuero te dizer que compartilho destes pensamentos, mas logo me vem em mente o quanto Deus já participou de minha existência, seja ela admoestando, livrando, abençoando, me abrindo os olhos, me usando, enfim, estamos peregrinando neste mundo para exatamente cumprir os propósitos de Deus.
O homem pode planejar, mas só Deus pode determinar.
Prossigamos, vivendo um dia após o outro.
Deus te abençoe
Obrigado demais pelo estímulo de sempre...
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