domingo, 18 de janeiro de 2015

A mão estendida de Deus e a rejeição humana



8 A palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo: 9 Assim falara o Senhor dos Exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia, cada um a seu irmão; 10 não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre, nem intente cada um, em seu coração, o mal contra o seu próximo. 11 Eles, porém, não quiseram atender e, rebeldes, me deram as costas e ensurdeceram os ouvidos, para que não ouvissem. 12 Sim, fizeram o seu coração duro como diamante, para que não ouvissem a lei, nem as palavras que o Senhor dos Exércitos enviara pelo seu Espírito, mediante os profetas que nos precederam; daí veio a grande ira do Senhor dos Exércitos.”
                   Zacarias 7:8-12 – RA


13 Passam eles os seus dias em prosperidade e em paz descem à sepultura. 14 E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos. 15 Que é o Todo-Poderoso, para que nós o sirvamos? E que nos aproveitará que lhe façamos orações?”
                   Jó 21:13-15 - RA

“O mundo inteiro jaz no maligno”, afirma o apóstolo João em uma de suas cartas (1 João 5:19 - RA). Ao afirmar isso, João nos apresenta uma realidade não só percebida por ele já no primeiro século da era cristão, mas uma realidade permanente na história da humanidade, comentada por Jó, e reconhecida por Zacarias ao relatar os motivos que levaram o povo de Israel ao cativeiro babilônico; a rejeição a Deus.

É evidente que, se retrocedermos na história da narrativa bíblica, encontraremos outras tantas alusões à rebeldia humana, desde o livro de Gênesis ainda com o primeiro homem Adão, passando pela história dos patriarcas, pelo deserto do Sinai e por tantas outras etapas em que Deus chamou o homem para perto de Si, sendo, porém,  rejeitado e deixado de lado voluntariamente.

Mas esses dois textos acima nos chamam atenção especial, pois se assemelham a duas condições bastante contextualizadas em nossos dias; a corrupção e a prosperidade do erro. Sendo a primeira uma espécie de praga social que se alastra em todos os níveis da sociedade brasileira, e a segunda uma enganosa condição de independência, de quem imagina que a necessidade de Deus, provém da falta de recursos ou vantagens na vida.

É importante notar que o texto de Zacarias começa com uma realidade abominável; a injustiça proposital. O juízo enganoso que favorecia convenientemente à parte na verdade culpada, mediante suborno, amizade ou mesmo favorecimentos que intencionavam barganhas futuras. Fosse pelo que fosse, a verdade e o juízo não eram estabelecidos, devido à corrupção daqueles que deveriam zelar por sua correta aplicação. Além disso, a aplicação da lei era severa e inflexível sempre que o ofensor era alguém comum, ou sem capacidade de trazer qualquer vantagem aos aplicadores da lei. Principalmente àqueles que apresentavam tanto mais necessidade e carência do cuidado das autoridades públicas; viúvas, órfãos, estrangeiros (que não tinham qualquer direito de cidadão) e pobres. A corrupção tornou-se um meio fácil de enriquecimento e prestígio.

Em Jó se evidencia a conseqüência enganosa dessa condição de vida. Acreditando que sua prosperidade advém de seus próprios esforços, ainda que sejam esforços corrompidos, o homem rejeita a proximidade de Deus. Rejeita conhecer os seus caminhos. Sabe que isso lhe causaria prejuízo, pois suas atitudes lhes seriam necessariamente reprovadas. E interessante; não fogem da presença de Deus, mas ordenam que Ele se afaste, numa demonstração clara de se acharem donos legítimos da condição em que se encontram. Sai daqui, não vem estragar o que conseguimos construir por nossas próprias mãos, poderíamos imaginá-los falando a Deus.

O pior e mais flagrante comportamento humano na atualidade, contudo, está no final do versículo quinze do texto de Jó. Que vantagens teremos em servir ao Todo Poderoso? O que ganhamos com isso? A possibilidade de transformar Deus num negócio rentável e promissor, provocou enorme afluência de aproveitadores ao universo do sagrado e do religioso. Com aparente piedade, lideres mal intencionados têm se aproveitado da boa fé de muitos, enganando-lhes e sugando-lhes a vida, por mais simples que suas vidas sejam. Ganham na quantidade.


6 Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.”
                   Marcos 7:6-7 - RA


9 Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado; 10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer, 11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus; 12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. 13 A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, 14 a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; 15 são os seus pés velozes para derramar sangue, 16 nos seus caminhos, há destruição e miséria; 17 desconheceram o caminho da paz.18 Não há temor de Deus diante de seus olhos.”
                   Romanos 3:9-18 - RA

Faz-se importante ressaltar, contudo, que tanto corruptos, ímpios, religiosos enganadores e pretensos enganados, todos fazem peso em um mesmo barco. Sim, porque não há inocentes nesse jogo de barganha com Deus. Os presumivelmente enganados concordam em seus íntimos que, dando algo para Deus, dinheiro, tempo ou aquilo que lhes parecer mais valioso, em troca conseguirão algo que desejam, ou pelo menos manter o que já têm, ainda que pouco, numa imaginária relação de troca, que acreditam ser o que Deus espera deles. Fazem de Deus um mero ídolo a quem se devotam.

Quando multidões acorriam ao deserto em busca de serem batizados por João Batista, que pregava “arrependei-vos”, ele mesmo vendo a grande afluência de gente dize a esses: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? (Lucas 3:7 – RA). Vemos que a rejeição a Deus é muito mais sutil atualmente, do que as declaradas manifestações do passado. Mas não deixam de ser uma rebelião, que O afasta de seus corações. Rejeição essa voluntária, e sem qualquer desculpa, pois Deus sempre se deu e ainda se dá a conhecer abertamente, como diz Paulo no livro de Romanos:


18 Do céu Deus revela a sua ira contra todos os pecados e todas as maldades das pessoas que, por meio das suas más ações, não deixam que os outros conheçam a verdade a respeito de Deus. 19 Deus castiga essas pessoas porque o que se pode conhecer a respeito de Deus está bem claro para elas, pois foi o próprio Deus que lhes mostrou isso. 20 Desde que Deus criou o mundo, as suas qualidades invisíveis, isto é, o seu poder eterno e a sua natureza divina, têm sido vistas claramente. Os seres humanos podem ver tudo isso nas coisas que Deus tem feito e, portanto, eles não têm desculpa nenhuma. 21 Eles sabem quem Deus é, mas não lhe dão a glória que ele merece e não lhe são agradecidos. Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia está coberta de escuridão. 22 Eles dizem que são sábios, mas são tolos. 23 Em vez de adorarem ao Deus imortal, adoram ídolos que se parecem com seres humanos, ou com pássaros, ou com animais de quatro patas, ou com animais que se arrastam pelo chão.”
                   Romanos 1:18-23 - RA

O mundo jaz no maligno, e essa afirmação de João talvez nunca tenha sido tão real como em nossos dias, pois em toda parte se encontra uma rebeldia intrínseca e uma rejeição inequívoca, sejam elas abertamente declaradas ou sutilmente camufladas com aparência de piedosa religiosidade.

Que nossos corações e mentes se mantenham atentos às artimanhas dos que com ardilosos discursos, tentam enganar a muitos. Que com ousadia e conhecimento de Deus, tenhamos condição de levar-lhes a palavra de salvação, que está em Jesus Cristo, nosso redentor, e esperança nossa.

Bom treino a todos!

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